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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SITE DA FIFA: UM NOVO CAPÍTULO PARA AS INVASÕES CORINTHIANAS





Na véspera, a estrada interestadual estava congestionada, de modo inesperado. Não era período de férias, nem nada. Era apenas um fim de semana comum, e o Rio de Janeiro via gente vestida de preto e branco por toda a parte. No dia 5 de dezembro de 1976, ficou claro o que o que estava acontecendo: aproximadamente 70 mil torcedores do Corinthians compareceram ao Maracanã para dividir as arquibancadas com os seguidores do Fluminense, depois de um deslocamento de mais de 400 km vindo de São Paulo. Nem mesmo uma política de racionamento de combustível vigente e a promessa de transmissão da partida ao vivo desestimularam os viajantes. Foi a chamada “Invasão Corintiana”, um dos capítulos mais marcantes da história do futebol brasileiro.


Nesta quarta-feira, 36 anos e seis dias depois, as restrições eram mais duras, a começar pela distância bem maior a ser percorrida. O que não impediu que milhares de torcedores tomassem o Estádio de Toyota para empurrar o Corinthians na vitória sobre o Al-Ahly pelas semifinais da Copa do Mundo de Clubes da FIFA Japão 2012. 

“É a maior torcida do mundo, não tem nada igual. Defino assim: todo time tem uma torcida, nossa torcida é um time”, diz ao FIFA.com o corintiano Alex de Andrade. O paulistano de 33 anos e seus amigos já tinham férias marcadas para julho deste ano e tudo acertado para uma viagem para Cancún e Canadá e abriram mão na noite em que a equipe foi campeã da Libertadores. “Cancelei tudo. Prefiro o Corinthians.”

Essa dedicação foi algo, claro, que não passou despercebido pelos jogadores em campo. "É maravilhoso. A gente já imaginava, mas sentir isso e ver com os próprios olhos não tem preço. É inacreditável o que esses loucos fazem pelo time. Tenho certeza de que estará mais cheio na final”, afirmou o zagueiro Paulo André.

Ponte-aérea
O volume de corintianos e sua festa em Toyota impressionou, mas não chega a surpreender, conforme indica o zagueiro. Havia indícios que apontassem para tanto, como a euforia que cercou o embarque da delegação e o aglomerado de fãs nos treinos no Japão. Além disso, era algo que a mesma torcida já havia feito antes. 

Quando as hordas alvinegras tomaram o Maracanã em 1976, foi também para um jogo de semifinal: duelo com o Flu pelo Brasileiro. Os times empataram em 1 a 1, debaixo de um temporal. Nos pênaltis, os paulistanos venceram. Depois, enfrentariam o Internacional na decisão, mas não conseguiriam encerrar um jejum que já durava 22 anos sem um título – a espera chegaria ao fim na temporada seguinte, com a conquista do Paulistão. 

O legendário cronista Nelson Rodrigues resumiu nas páginas do jornal “O Globo” o que o Rio testemunhou: “O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos do Timão faziam uma festa no Leme, Copacabana, Leblon, Ipanema. Chegavam corintianos aos borbotões. Um turista que havia de anotar no seu caderninho: ‘O Rio é uma cidade ocupada’”. 

Você pode trocar os nomes dos pontos turísticos e da cidade, e o que se viu nos últimos dias no Japão é bem similar. “Tem mais gente do que eu imaginava que ia ter. Muito mais. Você vê corintianos em toda a parte”, afirmou Alex.

90 minutos é pouco
Alguns dos torcedores estavam até por perto, antes mesmo de os jogadores desembarcar. No conjunto residencial de Homi Danchi, a cerca de 15 minutos do Estádio Toyota, há uma grande colônia brasileira, e os corintianos ali presentes já preparavam a recepção a seus compatriotas e o plano de ação há meses, ansiosos para que chegassem. 

Mas boa parte veio de bem longe. Como o caso dos irmãos Mateus e Murilo Fernandes, 21 e 19 anos. Eles são de São Paulo, mas estudam em Santa Catarina. Acabaram viajando exatamente no período mais importante do ano letivo. “A gente está na semana de provas na universidade. Estamos faltando e vamos ter de fazer tudo de segunda chamada, em fevereiro”, diz Mateus. Agora podem ter certeza: não vão tomar bronca nenhuma. Afinal, o pai Francisco veio junto, numa decisão repentina. 

“Vamos ser campeões. Faz umas duas ou três semanas que decidimos. Desde a final da Libertadores, pensava em vir. Fiquei com receio, e tudo. O preço impacta. Mas, numa manhã deu um estalo, e falei: ‘Quer saber de uma coisa? Nós vamos’. (Risos) Nós tínhamos planejado ir para Las Vegas, mas decidimos vir para cá”, conta.

Agora será a vez de Yokohama abrir suas portas para que esse “bando de loucos”, como se autodefinem, assista à final do Mundial de Clubes da FIFA no domingo. Assim como aconteceu na decisão da primeira edição do torneio, em 2000, contra o Vasco, num reencontro da torcida com o Rio. Em menor número, é verdade, mas ainda com um contingente expressivo: eram 30 mil presentes – o público total foi de 73 mil. Na ocasião, os visitantes tiveram de esperar novamente o desfecho da disputa de penalidades para saírem com o título. 

No próximo domingo, se conseguirem o triunfo em 90 minutos, melhor. Mas, se tiver de esperar um pouco mais, para quem já foi tão longe, de que importa? A peregrinação corintiana não tem fim. 

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